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Interoperabilidade na Saúde e o padrão FHIR

Entenda as vantagens da interoperabilidade para o ecossistema de saúde e como o FHIR pode ser uma solução para questões de integração

Transcrição:

Interoperabilidade de dados em saúde, um tema bastante amplo, cada vez mais relevante dentro da nossa área, e entender aí os seus conceitos, desde os conceitos mais básicos do que é uma interoperabilidade, até a mesma real aplicação no nosso dia-a-dia, é fundamental para a gente compreender vantagens e desafios.

Como que você vê hoje dentro dessa questão de saúde digital no Brasil, quais são as grandes vantagens, os grandes desafios que você encara hoje quando a gente fala de interoperabilidade e saúde digital no Brasil? Saúde digital no Brasil tem nos últimos anos evoluído muito, a gente está numa evolução constante e já tem alguns grandes frutos sendo colhidos em relação a isso.

A interoperabilidade nada mais é do que a integração de informações, de uma forma muito objetiva e simples de falar, é eu poder disseminar a informação de forma ampla para todos os players envolvidos. Então a interoperabilidade vem para trazer essa sinergia e a possibilidade de a gente ter um foco no paciente. O foco principal é na pessoa, então é para isso que a interoperabilidade é a que é um trava-língua, tem que falar três vezes, interoperabilidade, interoperabilidade.

Mas a gente tem conhecimento de projetos que estão em andamento, inclusive com o uso de inteligência artificial, focados em diagnóstico, em tratamento médico, em coleta de informações, que todas essas visam, tem um objetivo de uma prevenção e de um controle de saúde. Esse é o objetivo, vamos dizer assim, que seria o objetivo ideal, a gente conseguir trabalhar preventivamente. Por isso a interoperabilidade é tão importante.

No Brasil hoje, eu acho que o principal desafio mesmo é a falta de integração entre os sistemas de saúde, mas ainda assim, falando assim de Brasil, a gente tem aí lugares do Brasil que não tem internet, que a gente tem dificuldade de ter acesso à internet. Imagina quanto a questão de equipamentos mesmo, de disponibilização, mas tem um outro fator que é muito importante, que é o cultural, que é, ainda tem umas resistências de profissionais de saúde de fazer a inserção de dados em sistemas de gerenciamento.

Temos também os pacientes, que tem muita gente que não, a gente tem hoje a telemedicina, por exemplo, que é uma ferramenta muito eficiente que foi utilizada durante aí nosso passado muitíssimo recente, que é relacionado a essa pandemia do Covid, em que isso se aflorou, esse trabalho de telemedicina. E ainda assim a gente vê que tem pessoas com resistência, que ao saber dos sintomas, mesmo tendo um acesso à telemedicina, eu falo da pessoa e não só das empresas e do próprio governo, mas às vezes a pessoa tem essa resistência também em relação a fazer um atendimento via telemedicina.

Tudo isso, somado a tudo isso, a gente ainda tem a questão da regulamentação. A gente precisa, para tudo é preciso uma regulamentação, para que a gente possa garantir que todas as informações, que, por exemplo, hoje em dia a realidade no Brasil é a LGTB e, graças a Deus, não se pode fazer sistema sem LGTB, né, gente? É muito importante a LGTB. Então, para isso a gente precisa de normativas mais robustas e um estudo mais aprofundado sobre todos os cenários da interoperabilidade, para que a gente possa dizer que isso, a gente atinge um patamar excelente.

Com certeza, com certeza. Eu também tenho trabalhado aí um pouco no mercado, no segmento de saúde há algum tempo. Assim como você, não venho dessa área, né? Eu venho da área de RP também, já estive do outro lado lá, hoje eu estou trabalhando mais nessa camada de integração aqui na Sensedia. Mas, assim, o que eu vejo dentro do cenário de saúde é queo setor de saúde demorou, mas eu tenho visto que ele está se abrindo cada vez mais para tecnologias mais modernas, para coisas mais robustas e arquiteturas um pouco mais sofisticadas. E assim, quando a gente fala de interoperabilidade, só dando um disclaimer, a gente entende que a interoperabilidade vai além de integração. A integração é você realmente fazer comunicar dois sistemas, mas a interoperabilidade tem que olhar aquele aspecto semântico das coisas. Então eu tenho que olhar também o viés, a integração é o primeiro passo para a interoperabilidade e aí depois a gente vai trazendo essa questão semântica também. E concordo contigo, apesar de todos os benefícios, os desafios também são grandes. Então a gente está falando aí com relação ao país ter um tamanho continental com várias realidades diferentes, como você bem citou, a gente que está aqui perto dos grandes centros, a gente tem acesso muito fácil às coisas, porém não é uma realidade realmente de todo o Brasil.

E aí quando a gente fala de saúde, por exemplo, num sistema Unimed que é a nível nacional, a gente tem que olhar para todos esses lados. Mas e com relação a benefícios, Dani? Que tipo de benefício que você acha que é interessante? O que você destacaria aí para a gente como as coisas mais principais dentro do cenário de interoperabilidade e saúde? Eu acho que sempre que a gente olha para a interoperabilidade, a gente tem que pensar como benefício o foco na pessoa, o foco no paciente. Então esse movimento todo, claro que ele visa outras coisas, mas principalmente o paciente.

Você imagina hoje no Brasil quantas vezes pacientes executam o mesmo exame mais de uma vez, porque ele não tem, às vezes ele esquece que ele fez aquele exame, ou ele está indo fazer o atendimento em outra clínica, em outro hospital, com outro profissional, e ele está executando o mesmo exame. Então, além de uma... ele está perdendo tempo fazendo o mesmo exame, eu não tenho esse rastro de como vai a saúde dessa pessoa ao decorrer do tempo, né? Então eu não consigo ter essa cronologia de como ele... como está o andamento da saúde. Então esse para mim seria o principal benefício. O principal benefício é a gente poder ter ações na área da saúde de forma preventiva, em que as pessoas, os cidadãos, a gente pudesse, sempre que iniciasse a vida, né? Quando inicia a vida, não tem lá a carteira de vacinação, tem o... vai ao médico, né? E faz todo um trabalho de evolução, né? Quando ainda bebê. Por que a gente não permanece com esse formato até o fim da nossa vida? Imagina quantas doenças a gente poderia estar prevenindo, ou até tratando antecipadamente, se a gente tivesse acesso a essas informações.

Então eu acho que sobre o ponto de vista do paciente, é uma eficiência maior na prestação do serviço dele, é uma redução de tempo, né? Em relação até a atendimento. Imagina se a gente tivesse um padrão de interoperabilidade, assim, que o prontuário completo da pessoa estivesse à disposição. Quando eu tivesse uma situação de emergência, ao chegar em uma instituição de saúde, e com o meu CPF, ou com o meu cadastro do SUS, eu pudesse lá ter todos os últimos exames, os últimos resultados, as últimas informações médicas que eu tenho, as minhas alergias, todas as situações que possam ser de fator de risco, para ser atendida com agilidade. Então eu acho que para o paciente esse é o principal foco, da gente pensar assim, ó, essa pessoa não vai correr riscos de receber uma medicação em que ela não... Imagina eu não poder falar, tô tendo uma crise aqui que eu não consigo falar, não consigo me comunicar, estou, sei lá, desmaiei na rua, né? Quem... Tô sendo acolhida, como eles vão saber que eu tenho, por exemplo, alergia a um medicamento que é comum para essas situações, e que isso pode agravar o meu estado de saúde? Para o paciente nesse sentido.

E para as empresas, né? Para as empresas, quando eu falo empresas, eu tô falando em empresas públicase privadas, evidentemente, olhando para o ponto de vista muito focado em serviços, seria, primeiro, a eficiência do processo todo, mas o ponto principal, redução de custos. Hoje, mesmo no sistema de saúde ou mesmo no privado, essa situação de eu ter que fazer o mesmo exame mais de uma vez, porque eu estou sendo atendida em uma cidade diferente, em um estado diferente ou por um profissional diferente, acarreta custos. Então, eu estou fazendo o mesmo exame de sangue em que eu estou daqui a... Por algum motivo, eu fui em outro médico, porque eu precisava e ele disse, você tem que fazer um exame de sangue. Às vezes, são especialidades diferentes, mas é o mesmo exame de sangue que vai ter alguma informação ou um raio-x. Então, essa redução de custos é real e importante para a saúde das instituições.

Então, além disso, eu vejo como uma oportunidade incrível de inovação. É uma oportunidade muito grande de inovação nesse processo, porque aí a gente vai ter novos produtos. Já temos, na verdade, o mundo dentro da Unimed mesmo, a gente tem o Unimed Lab, em que a gente está lá para fomentar startups em que possam resolver soluções da área health. Então, já estamos, isso já é uma realidade. Porém, com a evolução desse processo, eu acredito fortemente de que a área de inovação vai ter uma crescente com um número exponencial de produtos novos e disponibilidade de controles mais eficientes para a área da saúde. Isso, e assim, tudo isso para atender uma parcela significativa da população, como você falou no início, são 19 milhões de pessoas. Então, realmente, isso é muito, muito significativo.

Mas é claro que a gente tem aí alguns desafios para implementar isso, que são muito importantes de a gente falar, que é a que a gente já estava conversando no início e retomando, é a padronização de sistema de informação em saúde. Então, essa padronização, essa regulamentação do formato de transição de dados, da gente poder integrar os dados, ela é muito importante, ela é muito relevante para que a gente consiga evoluir nesse sentido. Então, para isso, sim, eu acredito que a gente precisa de leis e de regulamentos quanto à privacidade dos dados, de dar esse consentimento às minhas informações médicas. A partir do momento que eu tenho esse poder de poder dar o consentimento a quem eu desejo sobre o conhecimento do meu histórico médico, eu preciso que existam leis e regulamentos para isso, para que a gente não tenha aí, durante o fluxo do processo, nenhuma perda. Sobre a, vamos dizer assim, sobre o ponto de vista do paciente e também das instituições. Então, para todos os lados a gente precisa que essa parte evolua de uma forma mais eficiente.

Mas eu estou vendo aí que, pelo que eu estou acompanhando, a gente está com uma evolução bem interessante aqui no Brasil e a gente está seguindo, desde a Covid, a gente começou a ter um movimento mais acelerado em relação a isso. Sem dúvida, sem dúvida. Acho que é consenso comum que a pandemia, queira ou não, trouxe uma aceleração no processo digital, na transformação. A pandemia tem reflexos negativos e terríveis na nossa sociedade, mas sobre o ponto de vista de saúde, vamos dizer assim, de saúde no sentido amplo mesmo, de saúde das instituições, da gente poder ter inovação, da gente correr, ter um trabalho como sociedade mais sinérgico, a gente sentiu que lá na pandemia isso foi necessário, isso foi obrigatório. Obrigatório. Como é que eu consigo identificar quantos casos eu tenho de Covid no Brasil? Eu preciso ter uma forma de que esses resultados de exame consigam ser integrados e que o governo tenha acesso, que os profissionais de saúde tenham acessode que aquela pessoa fez um exame, que ela deu um exame positivo de Covid e também a gente tem aí agora a evolução disso, que é a carteira de vacinação. A carteira de vacinação é um exemplo muito claro de interoperabilidade, que é, antigamente a gente tinha um papel para dizer que você fez uma vacina, seja ela qual for, durante a sua vida, como eu estava comentando antes no exemplo do bebê, ele tem uma carteirinha de vacinação e de evolução. Hoje eu consigo pegar o meu celular e ver todas as vacinas que eu tomei em relação ao Covid, para que você tenha um controle. E os exames que foram feitos, né? Exatamente. Legal que hoje a gente já está até utilizando essa ferramenta para expandir além de Covid, né? Existe um movimento aí para poder trazer também dados de outros exames e outras vacinas para dentro dessa mesma plataforma.

Isso, a ideia é evoluir para que o sistema, já tem todo esse projeto do DataSus, da RNDS, ele já é um projeto que é antes da pandemia, ele já iniciou um pouco antes da pandemia, porém ele precisou ser acelerado no processo pós-pandemia. Então, tem até um projeto de piloto que foi executado em Alagoas. Você está aqui porque isso é de conhecimento público, você pode ter acesso a isso fazendo uma pesquisa via Google ou sendo curiosa que nem eu, que fui lá fuçando lá no DataSus, tentando identificar lá as novidades em relação a esse cenário, que tem muitas informações, algumas nem tão fáceis, outras com uma objetividade maior, então você consegue ter acesso fácil a essa informação.

Mas esse projeto de Alagoas, ele é antes da pandemia, que era a intenção de proporcionar interoperabilidade através do DataSus e esse projeto identificou aquilo que eu falei lá no início, que é uma principal dificuldade hoje no Brasil e principalmente focando lá nessa questão regional, a diferença regional. Eles não conseguiram colocar, fazer o que o projeto tivesse o resultado esperado, porque se eu não me engano são 23% somente das instituições de saúde ligadas ao DataSus que possuíam prontuário eletrônico. Então, essa é a realidade. Imagina você ter só 23% de dados de instituições que tenham dados para serem disponibilizados, você tem aí um hiato de mais de 70% de pessoas que a informação está no papel.

E você tocou num ponto muito fundamental, quando a gente fala de saúde, modernização, transformação digital em saúde, qualquer coisa que a gente fala em saúde, a gente está falando e envolvendo um número muito grande de agentes, de atores dentro desse ecossistema e cada um fala uma língua, cada um trata de um jeito. A gente fala isso no nosso ramo de tecnologia, a gente fala isso em nível de dados, mas é meio que tudo, processos, tudo, um pouco de tudo ele tem as suas diferenças. Por exemplo, aqui na Sensídio a gente lida, tem procurado ajudar vários clientes com relação a esse assunto e por vezes a gente vê, por exemplo, igual você falou, às vezes um exame de sangue, ele é tratado de formas diferentes, com nomenclaturas diferentes, com processos diferentes, em sistemas diferentes, em devices diferentes, em arquiteturas diferentes e às vezes até quando você consegue ainda padronizar o mesmo exame, você ainda tem um exame, por exemplo, para quem lida com diálise, esses dias foi até bem curioso de ver isso, o mesmo exame já foi padronizado, só que ele precisa saber se foi antes ou depois da diálise, um exame com relação à uréia, por exemplo. Então, a gente realmente sente essa necessidade de ter uma adequação por parte dos sistemas para que eles possam também conseguir entrar para um padrão de interoperabilidade. É um desafio imenso, né? É, bastante grande.

E aí, nesse sentido, a gente começa a falar de protocolos, de padronização e aí a gente entra um pouco dentro do assunto do FHIR também, né? Como que você vê hoje com relação ao FHIR? Será que ele é a nossa salvação mesmo ou como que você está vendoa questão do FHIR no segmento de saúde? Então, Tiago, eu sou uma entusiasta aí do FHIR, né? Porque eu acho que é uma ferramenta. A saída do FIRE, né? Porque eu acho que é uma ferramenta que, primeiro de tudo, né? Talvez aí algumas pessoas não saibam o que é o FIRE, né? O FIRE foi criado pelo HL7, que já é uma instituição conhecida por desenvolver padrões de integração, de troca de informações. Então, esse formato de troca de informações do FIRE, ele é específico para a área da saúde. Então, ele foi lançado atualmente com esse formato. Existia outras duas versões do HL7 também para fazer isso, que é o V2 e o V3. E eram tecnologias da época, então isso começou lá na década de 80. Ou seja, são coisas lá de 20, 30 anos. Então, eles tinham um foco de tentar criar um padrão para isso, né? E esse padrão, ou ele ficava flexível demais, aberto demais e com muitas exceções, né? Você tendo que trabalhar tudo como exceção. Ou você tinha ele engessado demais e com uma dificuldade de fazer a adoção deles, né? Pelas instituições.

E o FIRE, né? Que saiu totalmente fora do padrão das outras versões. Ele é um padrão que foi feito um trabalho muito exclusivo de fazer entrevistas com profissionais da saúde para chegar nesse resultado. Então, por isso eu acredito fortemente de que não só essa tecnologia, mas essa hoje, num ponto de vista mundial, é a principal. Então, o padrão FIRE, ele inclusive é um acrônimo, né? Que é o Fast Healthcare Interoperability Research. É difícil de falar, né? Mas é um acrônimo. E ele foi desenvolvido e facilmente disseminado. Então, ele tem aí um padrão dele, ele é moderno, flexível. Ele tem como vantagem de que ele é uma adoção gratuita e o mundo todo está adotando esse padrão. Então, acho que... E o Brasil também está à frente disso, não estamos, né? A própria Unimed do Brasil hoje já utiliza o padrão FIRE para fazer a interoperabilidade. Então, eu acredito fortemente de que a gente vai conseguir com esse padrão atingir os melhores resultados.

Existe só esse padrão, Dani? Não, não existe só esse padrão. Mas esse hoje é o, vamos dizer assim, o mais adaptável para o momento atual. Pode ser, como eu disse, né? A interoperabilidade, a gente poder falar sobre isso, a gente ter regulação sobre isso, traz o quê? Traz a vantagem da inovação. Pode ser que um novo padrão de integração, ainda melhor do que FIRE daqui a um tempo, exista. Mas no momento atual, eu acredito que esse é o melhor padrão. Tanto que ele está sendo adotado mundialmente, né? A gente já tem os Estados Unidos que utilizam já para um programa de incentivo à melhoria do cuidado da saúde. No Canadá, tem o programa deles de saúde, o sistema deles de saúde já é nesse padrão, que é um programa que eles utilizam no país inteiro. Na Austrália também eles já utilizam. Holanda, além de outros países. Lá no Reino Unido é bem difundido já também esse processo.

Então, eu acredito sim que o futuro recente, né? Porque é um achômetro, né, Tiago? A gente sabe que a tecnologia, as coisas acontecem com uma celeridade diferente do que, por exemplo, as nossas leis e regulações. Então, no momento atual, eu acredito sim que esse é o melhor cenário para o Brasil. E, como eu disse, o DataSource já está, inclusive, utilizando esse padrão e existe esse movimento de regular essa interoperabilidade através desse padrão. Não, legal. Muito bom, muito bom. Certeza não temos ainda, porque existe ainda um caminho grande pela frente. Mas, assim, todas as empresas que hoje estão apostando, né? Estão na vanguarda desse processo, estão utilizando esse padrão. Legal. Justamente porque ele tem esseformato, assim, de que ele tem... Ele tenta... Como é que eu posso dizer? Padronizar 80% do processo, né? E 20% ali ele permite que sejam feitas adaptações e ajustes de nomenclatura, porque é isso, né? Nada mais é do que a gente pegar a informação de um sistema e disseminar essa informação. Como que eu faço isso? Meu sistema aqui está num formato de linguagem, nomenclatura, semântica, totalmente diferente do pessoal lá de Alagoas. Eu preciso fazer com que isso se converse e no final o resultado seja a Daniela paciente consiga ter o seu prontuário lá com as informações necessárias para ela ser atendida pelo profissional de saúde de forma o mais agilizado e o melhor atendimento possível.

Legal. Respondendo sim, eu acredito sim que o FIRE vai ser excelente e gostaria muito que a gente estivesse já evoluindo mais nesse cenário no Brasil. Estamos no caminho, né Dani? Estamos no caminho. Eu acho assim, falar que FIRE é a solução é o salvador da pátria, eu acho que é uma palavra talvez muito forte. É demais, é demais. Mas, com certeza, hoje a gente tem visto grandes movimentos, como você bem falou, não só no Brasil, mas de fora também, de adoção realmente desse protocolo para poder transacionar dados de saúde de uma forma mais rápida, segura e escalável.

Exato. É legal que recentemente eu descobri até que o FIRE, como você falou também, é uma evolução ali do HL7, né? E o HL7 ele tinha como base ainda o PABX, na década de 80 lá, como você bem citou. Exatamente. E o FIRE ele veio modernizando esse padrão ali já no início da década de 90, então pré-pandemia já existia, né? E trazendo isso para um formato mais JSON, um formato um pouco mais moderno, né? Muito legal isso.

E como você falou também, hoje a gente depende muito da questão de regulação, né? O que seria talvez aí, na minha visão, a questão do que se fala mais aí de Open Health, né? Seria a interoperabilidade de um lado e o prontuário único ali do paciente do outro, as duas coisas tracionando, né? Aí entra consentimento, entra todos os outros vieses relacionados a essa questão.

Mas a gente tem visto que as empresas, assim, e primeiro assim, eu vejo dois caminhos, né? O SUS indo para um lado, como você bem citou, a RMDS, acho que é o maior exemplo hoje, tanto que foi investido ali num servidor FIRE para isso, então a gente acredita que o FIRE realmente ele vai ter futuro, porque existe já, do ponto de vista público, um investimento nisso, já existe ali alguns anos gastos referente à modernização e à implantação e à adoção desse protocolo dentro dos projetos de saúde digital.

E do outro lado, na iniciativa privada, a gente tem visto também que o pessoal tem olhado com bastante carinho com relação a esse protocolo para poder fazer essa adoção. Teve, em alguns dos painéis passados que eu participei, a gente conhece aí, por exemplo, que tem aquele documento do saúde digital, estratégias da saúde digital 2028, né? Que já está sendo, inclusive, revisto, fala muito sobre essa questão da visão do governo, da visão pública com relação à saúde para os próximos anos, fala muito sobre essa questão de inovação e etc. Mas fala pouco sobre a questão de saúde experimental.

E eu cheguei a fazer a pergunta, uma vez a gente gosta de ficar fazendo perguntas aleatórias para entender mesmo em que momento, em que momento que o DataSus, desse lado, vai se convergir com a iniciativa privada para a gente poder ter um padrão aí comum. Porque fatalmente o paciente transita entre os dois mundos, né? Você está, por exemplo, na Unimed. Hoje uma pessoa que está no SUS, de repente, entra numa empresa que é conveniada, que é cliente da Unimed, ele migra para uma saúde experimental. Passa algum tempo, alguns anos, essa pessoa sai dessa empresa e volta para o SUS. Então, as pessoas estão transitando entre público e privado o tempo todo, né? Como que você vê essa questão, você consegue ver alguma convergência? Como é que está isso hoje dentro desse cenário para você?

Bom, eu acho que, na prática, a gente já fez alguns avanços, né? Já existe aí,inclusive, esse processo de... Quando você faz a aquisição de um plano de saúde, você obrigatoriamente tem que informar o seu corpo. Faz a aquisição de um plano de saúde, você obrigatoriamente tem que informar o seu código do SUS para que essas informações estejam lá interligadas. Porque se você é um paciente da rede conveniada, da rede particular, vamos dizer assim, e você faz um atendimento no SUS, essa empresa, no caso a empresa do plano de saúde, vai ter que ressarcir o SUS sobre esse valor. Então esse é um dos motivos de existir essa informação aí. Mas a partir disso, já é um ponto de partida para que a gente possa dizer que já está evoluindo muita coisa em relação a essa convergência. Eu vejo que já está acontecendo um esforço bem significativo.

Como eu citei antes, a Unimed Brasil está muito focada em ser uma das empresas que vai fomentar esse processo. Mas eu vejo também que o governo está ainda, como é que eu posso dizer, essa iniciativa pública ainda depende de diversos fatores. Apesar de a gente ver que tem muitas discussões, já tem algumas definições, como por exemplo ter um servidor que é no padrão do FIRE, é um esforço que tem que ser, na minha opinião, agora é uma opinião muito pessoal, é um esforço que tem que ser coletivo.

Apesar de a gente necessitar de uma regulação, a gente precisa também que as empresas comecem a olhar, porque isso já é uma realidade. Isso já está aí, o futuro é agora. Então a gente já precisa ter essa iniciativa de começar a trabalhar em cima disso. Mas é claro que tem muito recurso financeiro envolvido, tanto privado quanto para a parte pública. Porque você imagina, eu vou lá aqui no posto de saúde, numa unidade de saúde, e ela não tem lá acesso à internet, ela não tem um computador para que no momento em que eu estou fazendo um atendimento lá, ela faça esse registro.

Então eu acho que essa convergência está indo num ritmo lento, mas o importante é que ela está num ritmo constante de evolução. Esse movimento que a gente vê do Covid para cá, demonstra esse processo, de que isso já é uma realidade, porém ainda no ponto de vista do ideal, a gente está muito longe de atingir a necessidade que a gente gostaria de resolver, que é poder trabalhar com a medicina preventiva. Mas acredito sim fortemente de que a gente vai ter agora nos próximos anos, acompanhando essa discussão que está acontecendo do ponto de vista governamental, eu acredito sim que nos próximos anos as empresas que são prestadoras de saúde e que estão interligadas à área da saúde, todas vão ter que estar se adequando a esse formato, porque isso vai acontecer, isso já está acontecendo. Já está acontecendo, é verdade.

Então assim, a gente vai poder entregar um melhor resultado para a população, no geral, e focar aí nesses cuidados personalizados, ter um foco muito mais na prevenção e também num diagnóstico mais rápido. Porque hoje a gente sabe que também tem isso, né? Essa demora em a gente conseguir ter um resultado. Eu preciso, dependendo da instituição, eu tenho que ir até lá para buscar o resultado, né? Então eu acredito que essa convergência já está acontecendo, já é uma realidade, porém num ritmo ainda que é um ritmo devagar, mas como dizem, né? É melhor o simples, o lento, do que nada.

A gente poderia estar num cenário anterior de que a gente não tinha, ia numa unidade de saúde, tinha um atendimento, quando você ia na outra, no bairro vizinho, essa informação não estava lá. Ou eu estava sendo atendido num estado, mesmo na rede privada, por um determinado hospital e eu não conseguia no outro estadoter essa facilidade de informação. Estou viajando, estou saindo daqui de Florianópolis e estou indo para São Paulo. De informação. Tô viajando, saí daqui de Florianópolis e tô indo pra São Paulo. Aí tô sendo atendido em São Paulo. Eu preciso estar consciente e com acesso às informações pra poder dizer ao médico, olha, eu já fiz esse exame, eu tenho... E aí você imagina. Então, eu acho que já é uma realidade, mas é isso. Ainda não é suficiente e nem no ritmo que seria ideal. Porém, tá fluindo, né? Tá fluindo, com certeza.

Acho muito legal, assim, eu sempre costumo falar que, e assim, a gente tá num fórum mais técnico aqui hoje, né, de especialistas, eu acho que talvez o fórum aí concorde comigo que essa questão, ela é muito mais... Ela é muito menos técnica e tecnológica, porque a gente tem tecnologias pra isso, a gente já falou sobre algumas coisas nesse sentido aqui hoje, mas ela é muito mais de vontade, de mindset, de política, de vontade de fazer, né? Exato.

E eu falo isso não só olhando para o panorama Brasil, mas quando a gente expande isso também, você vê que outros países que têm um cenário de saúde mais, entre aspas, simples, por ser menor, por ser... Por já ter uma padronização, eles também ainda estão aí, ainda não conseguiram viabilizar um cenário de estado da arte, né, do tratamento dos dados. Eles ainda estão nesse caminho. Alguns um pouco mais à frente, alguns um pouco mais atrás, mas ainda estão.

Quando a gente fala no Brasil, esse cenário é bastante exponencializado por conta do nosso tamanho, por conta do tamanho da nossa população, do tamanho geográfico e como a gente já falou também com relação a essa heterogeneidade de tecnologias ao longo de norte a sul ao Brasil é muito diferente. Eu tô aqui no estado de São Paulo. Pra mim é muito fácil falar de que é fácil conectar. Pra mim é muito fácil. Mas isso não é uma realidade pra todo o Brasil.

E quando a gente fala de panorama político, de uma questão de regulação, quem tá regulando, ele tem que olhar pra todas as realidades e não pra realidade só de um grupo ou de outro grupo, né? Então por isso que essa questão eu falo que é muito menos técnica e muito mais outras coisas, várias outras coisas, porque precisam realmente serem endereçadas na hora da gente falar isso.

E aí eu tô até já, tô lendo aqui algumas perguntas que estão chegando, a gente já tá caminhando aí pro nosso final. Deixa eu só fazer um comentário sobre isso que você falou, né? Sobre outros países. Tem uma iniciativa muito interessante nos Estados Unidos aí, que o pessoal, né? É um país que a gente costuma ler que é um país de primeiro mundo, porque eu não concordo muito em usar esse termo, mas realmente é um país que tem aí um poderio, né? Tecnológico que a gente é consciente. Mas eles, em relação à parte da saúde, eles não, o Brasil ele é muito, imagina, o SUS, não existe país no mundo em que faça o que o Brasil faz em relação à saúde. Então a gente tem aí 80% da população sendo atendida pelo SUS. E lá nos Estados Unidos eles não têm esse formato e eles estão caminhando pra isso.

E uma coisa interessante que tá acontecendo lá, um movimento interessante, é que foi criado inclusive um movimento lá, o 21st Century Cure Act. O Cure Act é uma, eles chamam de tipo lei da cura, né? Então lá eles estão regulando, né? Ou seja, existe uma lei já em que as instituições de saúde, ou seja, todo mundo que fornece informações médicas, precisa estar se adequando pra disponibilizar o que a gente conhece aqui no Brasil como o PEP, que é o prontuário eletrônico do paciente, que é justamente a interoperabilidade. Que é disponibilizar essa informação e proporcionar em cima disso metodologias de inovação e um foco no cuidado ao paciente. E lá, que é uma das coisas que eu acho que, infelizmente, aqui no Brasil a gente vai ter que ter também, porque aqui no Brasil a gente sabe que, por mais que a gente esteja na vanguarda em saúde, a gentetambém tem aqui um problema que é se eu não tenho uma regra, se eu não tenho uma penalidade, as coisas acabam que vão indo. As coisas vão indo num formato que não é o ideal. Então, lá nos Estados Unidos, esse movimento prevê, inclusive, penalidade de um milhão por infração. Tem à disposição aí na internet para vocês pesquisarem, pessoal, sobre essa lei.

Então, assim, não está seguindo a regra de se adequar, porque, obviamente, para tudo é preciso ter um timing, né? Eu não posso exigir que todas as instituições, todo mundo, até o final desse ano, estejam adequados para disponibilizar um prontuário eletrônico. Seria inviável, porque tudo isso exige custo, né? Na verdade, a palavra não é custo. Tudo isso exige investimento. Essa é a palavra correta. Então, é necessário um investimento muito grande, privado e público, para a gente chegar nessa situação.

Então, acredito sim que se a gente estiver com a evolução dessas discussões, a gente vai ter regulações normativas e penalidades para que a gente possa garantir que esse processo de interoperabilidade, de open no Brasil, que é uma palavra que agora está na moda, o mundo open. Então, tendo esse processo, que é como você falou antes, isso é nada mais do que político. A gente precisa de ações políticas para que isso seja possível implementar.

Exato. Eu acho que você tocou num ponto correto aí, eu concordo totalmente. Isso tudo demanda realmente vontade política. Até endereçando aqui já algumas perguntas que eu li aqui por cima, quando a gente fala sobre essa questão de regulação, fatalmente aqui no Brasil tem que ter um push, tem que ter ali uma pressão do ponto de vista de regulação mesmo, para que a gente consiga talvez estabelecer o padrão, estabelecer algumas regras e algumas normativas com relação a isso.

Como você bem falou com relação, por exemplo, a open. Aqui em Sensidia a gente já fala de open há algum tempo, a gente já trabalhou bastante com os outros opens que já estão regulados e já estão implementados aqui no Brasil. E open health é mais um, é mais um que ele vai tratar de outros agentes, outros atores e outros tipos de dados, mas é um modelo que segue padronização, que segue regulação.

Exato. A única diferença é o volume, né? Exato. É o volume, porque a gente tem muitas variáveis envolvendo a saúde, porque a gente não tem aí, como por exemplo, o open bank que a gente tem um número mais limitado de variáveis sendo transitado de informações. Se a gente for pensar na parte, né? Usar esse termo, né? O open health, a gente teria que ter um trabalho, teria não, teremos, né? Porque interoperabilidade é o nome em português para isso, né? Então, esse trabalho é um volume muito grande de dados sendo transitado e a gente precisa ter capacidade técnica para isso, né? E também de fazer essa adequação para que essas informações, porque a interoperabilidade é sistemas distintos conversando entre si.

Eu posso ter um sistema qualquer, mas esse sistema tem que ser capaz de encaminhar essa informação para ser consumida por outro lugar, né? Citando novamente lá nos Estados Unidos, que é um case que eu peguei aqui para a gente conversar, lá quando você troca de plano de saúde, obrigatoriamente as instituições de saúde precisam fazer a integração, precisam mandar os dados do paciente. Ele não precisa nem solicitar. Isso é um fluxo que já acontece, que já é obrigatório, vamos dizer assim.

Então, se a gente considerar isso sobre um ponto, claro que a gente não tem que focar em como é feito nos outros países, porque o nosso cenário aqui é muito distinto, né? A gente precisa, sim, de um trabalho maior, a gente ter grupos de estudo sobre isso, a gente poder, a iniciativa privada e pública terem essa convergência maior em termos de discussões sobre esse cenário, para a gente poder chegar no ideal.

E o ideal para quem? O ideal para todo mundo que está envolvido, mas principalmente com foco no cidadão, no paciente. Paciente, exatamente. Muito legal. Você que comentou, trouxe um ponto bem interessante aqui. Quando a gente fala de open banking, por exemplo, realmente agente está falando de, basicamente, a instituição bancária de um lado e o consumidor, o cliente do outro. Existe hoje essa interação. De um lado e o consumidor, o cliente, do outro. Existe hoje, essa interação é mais fluida e rápida. Quando a gente fala do Open Insurance, por exemplo, que é outro segmento que já tem regulação aqui no Brasil, está ainda nas fases finais, mas já tem. Aí você tem a seguradora de um lado, do outro lado o consumidor, o segurado, e no meio você tem os corretores.

Falando a grosso modo, bem high level. Quando a gente vai para a saúde, você tem de um lado a instituição, o paciente, no meio do caminho você tem a operadora, hospital, clínica, laboratório, farmácia, enfim, o ecossistema é bem mais complexo e envolve muitos outros tipos de dados também, e dados sensíveis, que são dados de saúde.

Eu posso ficar sem a minha conta bancária por um dia, me dá um trabalhão, mas eu posso ficar. Agora, sem acesso aos dados de saúde numa emergência, não posso ficar. Exatamente, é isso que... Então, realmente, por isso que a gente está falando realmente dessa interoperabilidade, ela é extremamente importante e tem todos esses desafios que a gente está falando.

E a gente tem visto aí, como você falou, a gente tem dado alguns passos, ainda que lentos, mas temos dado alguns passos. E o pessoal que está trabalhando nisso está trabalhando arduamente em chegar nesse mundo ideal que você comentou aí.

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